quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Anti-paço

80 sob a ponta do traço no painel do carro
Na via
Enquanto corria, olhava à esquerda e por debaixo do elevado
Sob o rio acobertado
E entre as cinzas de cimento em vigas via
O braço

O corpo do braço, então, emerge feito rato
E vejo um homem projetado
no anti-paço do elevado

A velocidade eu reduzia sem entender, mas entendia
Ali se habitava
mas como alguém habitaria?

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Viaja

Minha pressa é delicada e sugrave
E meu tempo urge se te ladeia.
Quando não, asfixia.

É a ânsia de te percorrer todos os poros
Com a alma da minha mão
Até te ver além.

(e o cantinho esquerdo da tua boca que eu gosto de narrar pra mim mesmo ao vê-lo e vê-lo mais e mais e profundamente sempre)

Farei um silêncio leve quando fores
E carregarei comigo o coração mais pesado.
Sem pedaço.

Porque é assim que sou: somos.

terça-feira, 21 de junho de 2016

Sugravidade

Você me resta sugrave 
Levemente denso
A testa no ombro
O suave som do vinco
Escandalizante 
Tanto

Você me resta sugrave
Densamente leve
As mãos apoiadas por sobre
O silêncio grave das peles
Espalmantes
Tantos

Por que nós? 
Despretensos, secretos
Somos vez
Sugravemente somos
Levitados e profundos
Somos nós

Da Gente

Como nós
Despencados do etéreo
Ladeamos o inferno
Juntos e além
Sob a égide do ódio?

Desafina a valsa nossa
Seu ritmo se desinventa
Soando solitude
Para uma dança de um

Giramo-nos e nos giramos
Nos celestes e sábados
Hoje lanças meu coração
Que levavas na mão
Às trevas

sábado, 22 de novembro de 2014

Mar-Lamento

Ouvir Demo

Música e Letra: Arthur Attili

Eu vi nos tristes olhos do passado
O seu olhar no meu
E aqui, nesse silêncio o sol recoa
O céu ressoa feito ateu

Que é para fazer passar bem lento
O tempo, o tempo
E me banhar o mar-lamento
Na proa, na proa.

Eu vi nos tristes olhos do presente
Num marejar de maresia:
A imensa solidão num mar repleto
De uma infinita alma vazia!

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Eira Sem Beira

Ouvir Demo

(Música e Letra: Arthur Attili)


Ouve meu tom em vão
Rechaça uma canção
Sem graça essa trapaça em
Não

Me diz que a valsa flui
Sem par, sem nada não
Girar na solidão não
Flui

A gente faz
Eira sem beira
A fé
Vai no pois é

A gente cai
A gente esvai
A gente
Anda pra trás

Mas faz pinta que quer
Garrar na minha mão
Me dar seu coração, não?
Fim

Ibiúna Blues

Ouvir Demo

(Música e Letra: Arthur Attili)

Uma alfazema, sabor de lá
Laranjeira, jabuticaba
Terra planta, planta aterra
Me leva que voo luz
Pouso em green, levanto um blues

O sol de esgueira escala o ar
Mamoeiro faz que vai cantar
Um Francisco sonda a tela
Revela que há som nos nus
Bancarrota é só meu blues

Felicidade há de me acarinhar
Devagar, secular
Deitando-me no colo a me ninar
No solo o sol, a sombra e um jatobá